Gastar mais no futebol brasileiro traz resultados? Relatório aponta resposta
Pesquisa mostra o custo-benefício alcançado pelos clubes do Brasileirão após altos investimentos em diversos setores

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Não é uma exclusividade do futebol brasileiro que os investimentos dos clubes têm aumentado a cada ano e o mercado do futebol se tornou mais caro em diversas vertentes. Desde os valores de transferência e salários até os custos operacionais de viagem e estruturas internas, há uma crença de que os times que mais investem vão colher melhores resultados em campo. Mas essa máxima é real? Um relatório produzido pela Galapagos Capital aponta uma resposta.
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Assinado pelo economista Cesar Grafietti, especializado em gestão e finanças no esporte, o documento faz um raio-x do futebol brasileiro em diversos parâmetros financeiros. Entre eles, uma análise sobre os custos totais dos clubes da Série A do Brasileirão e o seu desempenho dentro de campo. No estudo, é levado em consideração a temporada 2024 da competição.
O Palmeiras e o Flamengo são os clubes que mais investem no futebol nacional, cenário que já é repetido há alguns anos. Os dois times foram o 2º e 3º colocados na temporada ada e apresentam dados que mostram um equilíbrio entre a parte financeira e técnica. Por mais que tenham algumas características diferentes, os rivais estão entro de uma média projetada pelo relatório e que é considerada positiva para o clube.
O alviverde, por exemplo, é o time que tem menor percentual na relação de despesas e receitas, com 58%. Foram R$ 653 milhões em 2024 e uma receita de R$ 1,12 bilhão. O rubro-negro carioca aparece com 72% nesta comparação. Teve R$ 931 milhões de despesa e R$ 1,28 bilhão faturado. Ou seja, por mais que tenha custos consideravelmente maiores que o Palmeiras, o Flamengo consegue sustentar esse equilíbrio e tem uma saúde financeira positiva, além de ter resultados esportivos relevantes.
O Botafogo é um clube que apresenta um cenário diferente. O atual campeão do Brasileirão e da Libertadores surge no relatório como um time que tem um percentual de quase 80% na relação de despesas e receitas, acima da média de 75%. Mas para um clube que teve um custo abaixo da média, o resultado esportivo alcançado foi muito positivo.
Mas o futebol brasileiro não é formado, em sua maioria, por clubes que mostram esse equilíbrio entre a bola e o dinheiro investido. Grafietti destaca no estudo que os gastos precisam ser eficientes para gerar esse equilíbrio. Em 2024, por exemplo, Atlético Mineiro (12º), Fluminense (13º) e Grêmio (14º) tiveram custos maiores que Bahia (8º), Cruzeiro (9º), Vasco (10º) e Vitória (11º), que ficaram à frente na tabela de classificação.
Fortaleza e Internacional, 4º e 5º colocados, respectivamente, levaram a melhor sobre São Paulo e Corinthians, 6º e 7º. A dupla paulista teve números bem superiores ao que foi investimento, acima da média dos clubes da Série A em 2024.

Relação entre receitas e despesas
Como foi apresentado, a média percentual na relação entre os custos e o faturamento foi de 75%. Na extremidade que está ao lado do Palmeiras, ou seja, bem abaixo da média, estão, na maioria, clubes com baixa receita, mas com despesas controladas, como Juventude e RB Bragantino. Mas há, também, clubes que reforçam a realidade de que a instabilidade em campo pode ser prejudicial ao financeiro.
Cuiabá e Athletico-PR, por exemplo, são times que se encaixam no perfil de equipes com baixo custo e faturamento, mas no campo tiveram maus resultados e foram rebaixados na Série B. A queda de divisão impacta, entre muitas áreas, a parte financeira, o que pode desequilibrar as finanças, com crescimento de dívidas e receitas menores.
No outro extremo estão clubes como o Bahia, que tem um e robusto de investimento do City Football Group (CFG) e dívidas baixas, e o Fortaleza, que tem um cenário parecido, mas já entra em um risco de desequilíbrio. O percentual na relação entre despesas do Leão do Pici é de 108%, enquanto o tricolor baiano fatura mais e chega a 114%.
Clubes em situação delicada
No ranking, times como o Corinthians e Atlético-MG até operam com um custo reduzido, mas esbarram em um outro problema: um montante de dívidas muito grande que não acompanha o que o clube consegue faturar após abater seus gastos. Apesar de estarem abaixo da média do percentual na relação de despesas e receitas, a dupla alvinegra não tem uma saúde financeira em dia.
Já o São Paulo, que ocupa a extremidade da direita, tem um cenário de: custos elevados, dívida elevadas, e riscos cada vez maiores. O tricolor paulista atinge 96% no percentual de comparação entre gastos e faturamento.

Origem dos gastos
Historicamente, o gasto com "pessoal" sempre representa o maior percentual das despesas dos clubes. Esses custos representam tudo aquilo que envolve os atletas e funcionários, como salários, encargos, direitos de imagem e de arena, premiações e deduções de natureza previdenciária de todos os funcionários.
O estudo mostra que nos últimos quatro anos a relação entre os gastos com "pessoal" e a receitas obtidas ficou em torno de 50%. No ano ado, apenas dois clubes que disputavam a Série A conseguiram reduzir os custos com "pessoal" em 2024, Palmeiras e RB Bragantino.
O clubes que mais investe nesse setor é o Flamengo, que cresceu 15% entre 2023 e 2024 e chegou a R$ 605 milhões de gasto com "pessoal". Entretanto, o rubro-negro carioca não é o que mais aumentou nesse intervalo. O Cruzeiro, por exemplo, alavancou em 69% os valores de pessoal, atingindo R$ 221 milhões no ano ado. O Internacional também aumentou, chegando a quase 30% de crescimento, e bateu R$ 274 milhões de gasto com o setor.
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